Esse
pequeno instante de eletricidade, essa pequena morte era pra Helena sempre um recomeço,
mesmo exausta ela queria mais e mais, queria que essa sensação, essas faíscas
não cessassem nunca, por vezes depois do gozo, Helena se deitava de lado,com
as pernas juntas numa espécie de suplica, quadril arqueado projetando as
nadegas pra trás, fazendo com que assim quem estivesse atrás dela tivesse uma
visão ampla do seu sexo, fantasiava línguas, dedos, bocas, estava ali exposta
ao alcance de quem passasse, fosse homem, fosse mulher, qualquer um que fosse,
ela estava ali pronta, aberta como flor orvalhada.
Ela,
porém sempre se perguntava: O que fazer? Eu sou assim, preciso pensar coisas
sujas, imaginar bocas desconhecidas para amplificar esse pequeno instante, nascera
assim, feito bicho, mas era bicho diferente, estava sempre no cio, por vezes
fantasia andar sobre patas, sem roupas, ainda mais aberta, ela era de quem
sentia o seu cheiro, de quem se sentia atraído por ele, não sabia ser
diferente, aprendera assim.
Desde
o primeiro homem, dele só desejou o prazer, nada de beijos, nada de afagos,
nada de nada, apenas línguas e dedos e que venho o próximo, esse já não me
serve. Puta!Puta nunca foi, nunca cobrou por suas prendas.
Helena
era o que então? Por suas pernas passaram reis, rainhas, pobres soldados,
mulheres maledicentes, pra ela não tinha importância, fosse quem fosse ela
estava sempre pronta.
Seu
monte de Vênus ostentava uma penugem negra que reluzia ao sol tal como seda
brilhante, mas Helena gostava mesmo era da penumbra, onde rostos, homens e
mulheres ganham outras formas, onde perdem os pudores e as mascaras caem, ela
era assim e quem poderia questionar? Os que iam ter com ela? Não, esses eram
feitos do mesmo barro, libertinos em busca do prazer.
Certa
vez lhe perguntaram se ela não se cansava de ser sempre assim receptível e ela
respondeu sem pestanejar, me cansa ser como os outros, só sou uma mulher na
nomenclatura, dentro de mim sou bicho e quem há de me repudiar? Tu que vens
até mim com os olhos famintos, percebo a baba que escorre dos teus lábios, só
não tens coragem de te servir.
Dito
isso Helena se fechou, não es digno sequer de me olhar, pois me vê como uma
vergonha, vergonha tenho eu te ti que nega a tua fome, dizendo isso o expulsou
da sua casa.
Naquela
noite ele não dormiu, se questionou e acabou por invejá-la, ela porém se fez
mais bela ofereceu além do seu sexo seus seios e sua boca a oferta fora bem
recebida por todos que entravam.
Na
manhã seguinte aos primeiros raios do novo dia, ele estava lá na porta de
Helena, olhos de cachorro faminto, ela que não era de recusas o deixou entrar,
estava nua trazia no corpo odores misturados aos seus ele não resistiu e com
fúria se jogou sobre ela, lhe mordendo a nuca, lhe cheirando as nadegas e como
bicho se esbaldou sobre e dentro dela. Helena com os olhos ainda mais
brilhantes e vidrados só teve tempo de balbuciar... Entende agora? A fome sempre é
maior que a decência.
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Henri de Toulouse-Lautrec |