segunda-feira, novembro 22, 2010

Anos dourados III


Onde aqui escrevo é uma mesa escura – ando economizando luz – onde paira uma caneca suja de café, compulsivamente eu a entorno, e pinga: não há nem uma magia nela, nem um rastro da arte. Mas necessidade.

Agora escrevo, finalmente, para Aquele homem: Aquele que veio e que roubou a minha vida.
Eu não queria de início, te impingir responsabilidades, você sabe disso: foi sempre leve a anticalmaria. O clímax nunca chegou. Bastava me sentir amparada, no inalcance dos teus sonhos, e me sentia logo bem. Você era do Bem! Eu ouvi uma vez.

Ouvi também para ficar. Meu Amor! Clamou. Me chama! Nunca te afastes de mim! (Pois tenho um punhal de carne, fonte da ausência do que eu não tenho que te mataria, pouco a pouco, para me refestelar no que não goza.)
Quando nos reencontramos – e eu estava fraca – estava também necessitada. Ouve! Eu queria. Quase cuspi na tua cara. Mas eu queria você pra mim, nas minhas teias, louca pra ter um sinal de que nos daríamos antes do sol e que eu te fugiria no que você me raptava. E te diria que nojo do mundo teu, do que você representa – de como você é pequeno, e fraco. Mas eu estava fraca! Te silenciei nas minhas telas. Tão mais interessantes!

Querido. Não sei se compreenderás minha dor, do tamanho do mundo. Há muito amor aqui! Não sei porquê te odeio. Não sei se você me confunde ou se o sou – mas sou parte do teu barro imundo... Minha cusparada cai na tua cara, cara tarada, ainda.
Te reencontrar mais velho foi estranho. Sempre te vi mais velho – nunca soube, ou quis saber, a tua real idade. Tenho visto tantas coisas! Tanta gente medíocre, e suja. Você iria gostar deles, se os conhecesse... Se pudesse conhecê-los.

Acha que se alimenta da mediocridade alheia. Do sujo do mundo – “do porão dos Homens”. No fundo és fétido. Perdido, nunca leu Bukowski – porque ele escreve mal, tudo bem. Você escreve? Ou o que é que você faz? Fazer sem dizer fazer, nada – ao longo do Tempo.
Que nunca me senti tão amada. Será que sou parte do Balcão? Do seu balcão de tráfico, de negócios e de trocas, restos. Será que sou uma espécie de sangue-azul ou de orquestra? Será que, por ser seu contrário, sou moça honesta em festa irrealizada?

Não sei mais quem eu sou. Eu digressei – volto ao Reencontro: como eu quis dizer – Eu odeio você! Sem poesia com ódio na cara. Louca de ódio. Louca... Louca por você.

Você sabe que não vamos chegar a lugar nenhum? Ou você tem rotas inéditas para mim?
Por que, de nós, eu nunca ouvi o seu coração falar – a não ser essa merda preconcebida que, você sabe me irrita? Eu sei que você é feliz longe de mim. Vi você, mais velho e feliz, me olhando de esquerda, me querendo de soslaio, mas só soslaio. Me acalentava! Fingia-se alegre! Desinteressado, aquém – um infantil, pouco sedutor. Passou a mão na minha cabeça e disse que desejava a minha buceta. Eu, que sempre amei a buceta, senti cheiro de golpe.

Nós nunca fomos amigos. Você não entra na minha vida por covardia, não vai aonde eu vou.
Alcoólatra tu bebes para se desarmar do teu próprio personagem, cheio de armas. Truques instintivos, humilhantes, tão pequenos desafiantes.

Mais tarde, mais sóbrio, você me choca. Parece safado. Parece não olhar na minha cara.
És um sermão de Superioridade, mas, no fim, és nada: um velho que ficará velho. Menino que perde cabelo – não sei se com ela – não sei mesmo. Você merece o escuro dos becos, o pouco dinheiro que te cobram – onde exibe a pouca grana que você detém. Fala com voz grossa, triste. Faz alegria e orgia. Nunca diz que me quer, querido: é tão di-fe-ren-te! Eu não sei mais quem sou e insistes que precisa de mim. Por que me ferir, chutar um cão baldio? Incendiar um bugio fazendo-o de gente e de, pior, dona e mulher?
Eu sou só uma puta que te quis um dia. Não prolongue.

Eu sou só uma puta que te achou, mais que interessante, bonito um dia. Não aumente.
Eu sou normal! Cruel cronicamente. Eu quis a tua família. Eu quis ser moça de família. Eu quis não ver mais o dia amanhecer, sozinha... Eu quis cuidar dos teus filhos. Quis seqüestrá-los.

Querido, eu menti, grossamente menti que seria coisa nova pra você – e que guardava coisas, coisas mais novas. Eu só queria te levar pra cama. Me mostrar útil – também.
Não éramos um casal, mas trepada. Agora, mais velho, você me questiona inquieto, e se esquiva. Fica mudo. Não me deixa mais calar tua boca.

Mais longe da minha cidade, mais longe da minha mesa, o efeito do café passando e eu mais nervosa, sinto que você abriu, aqui, um buraco – ali onde havia nós dois. Eu não sei mais que distância é entre você e eu... Não sei mais o que há de bonito em mim – e você, que não diz mais me adorar, mas me amar... Insiste. Eu não sei mais como esquematizar você, eu não sei se você foi demais ou pouco ainda. Eu escrevo muito e nunca escrevi tão pouco.

Você se lembra das músicas que ouvíamos? Ou você as ouve por que as quer ouvir?
De noite. Como é você sem eu nesse pulgueiro? Não quero pagar pra ver.

Quero ir praí. Quero não mais ocultar, fingir. Quero gozar, também – mas quero, antes, ver você gozar. Deixando-me tocar em você. Deixando-me entrar. Deixando-me chorar sobre o seu peito, liso, mais uma vez. Quero ser eu mesma! Pela primeira vez, em toda a minha história. Eu preciso dizer que eu te amo. E que eu te quero bem, mas que, egoísta, eu me quero pra ti para te fazeres bem. Seremos bons. Seremos Bem! Não haveremos ressaca – mas veremos tudo juntos. Você será incluído na minha listagem. Eu já fiz parte da sua. Meu nome não sai.

Tens o talento, ainda, de arrombar minhas portas?
Tens o talento?

Este é meu chamar clamando. Te amando... Ainda te amo.


Sebastião Maciel.

sexta-feira, outubro 29, 2010

Beatrice


Beatrice tinha uma risada escandalosa, quase infantil, sorria sempre com o mesmo despudor de uma criança travessa o que lhe conferia certo charme.

Se conheceram em um Concerto de música, sentaram na mesma fileira e entreolharam-se, ela pensou que seria perfeito se não tivesse um jovem rapaz sentado entre eles.
Trocaram olhares cúmplices e em silêncio, ele não conseguia tirar os olhos dela e ela por vezes ruborizava e desviava os olhos, ora abaixando a cabeça, ora ficando incomodada e levando a mão á nuca como se assim fosse possível escapar daqueles olhos.

Ficaram assim durante quase toda a apresentação, ao findar se encontraram no saguão do teatro e o silêncio foi ensurdecedor.

Fizeram uma longa pausa, ele então se apresentou, depois de uma breve conversa saíram dali para um bar, onde beberam vinho e conversaram por horas a fio.

Ele olhava pra ela e só conseguia pensar que tudo nela inspirava sexo, a maneira como levava à taça de vinho a boca, como ajeitava o cabelo e principalmente como não conseguia manter-se quieta um segundo sequer.

Ele estava maravilhado e mais uma vez se deu conta de que não conseguia tirar os olhos dela, eles tinham um brilho incomum e ele conseguia sentir no ar os seus odores e suas nuances.

Ela recém formada em música, ele um poeta decadente beirando os quarenta anos. No decorrer da noite ele lhe contou sobre sua recém viagem a Índia, ele se expressava tão bem e as suas lembranças eram tão vividamente fortes que ela pode sentir todos os aromas e intuir todas as suas paragens. E então seu pensamento a traiu e ela desejou estar a sós com ele, mais como pensamentos são traiçoeiros e irresponsáveis e ela não era o tipo de mulher dada a pudores, muito ao contrário ainda mais depois de duas garrafas de vinho e de ter ouvido todas as suas histórias resolveu convidá-lo para ir até o seu apartamento, ele de pronto aceitou.

Beatrice á muito tempo havia decidido que nunca deixaria nenhum homem se aproximar o suficiente para ser perigoso e com ele não seria diferente.
Ela morava em um apartamento pequeno, mas de extremo bom gosto, ela dividia o espaço com sua gata persa e seus muitos livros, esses ocupavam quase o apartamento inteiro.

Ela nunca se dispunha a ir á casa de homem algum, preferia que eles fossem até a sua, odiava acordar cedo ou ter que sair no meio da noite e sem contar que ela achava bem mais prático não ter que servir o café da manhã, tendo em vista que ela jamais permitia quê nenhum deles dormisse por lá.

Sexo era sexo e sono pra ela era sagrada, repetia sempre como se fosse um mantra : Cama você divide com qualquer homem, sono não!

Acariciou a gata que veio ao seu encontro na porta da cozinha e abriu mais uma garrafa de vinho safra Uruguaia que era sua preferida. Ajustou a luz para que o ambiente ficasse tão entorpecente quanto o vinho, se livrou do salto alto e se sentou na poltrona de frente para ele.

Soltou os cabelos e a meia luz da sala foi de encontro as suas madeixas ruivas iluminando de um reflexo vermelho voraz todo o ambiente. Ele a observava como se quisesse perpetuar aquele momento para que mais tarde pudesse contá-lo á sua próxima conquista e ela sabia disso, tanto sabia que o fato a excitava ainda mais. Para ela não existia nada mais divertido do que entrar no jogo do outro e jogar sem que ele o saiba.

Beatrice sempre foi dada a joguinhos de prazer e não seria diferente com ele, afastou as pernas, arqueou os quadris, levou a mão por debaixo da saia e se desfez da calcinha, ele ficou atônito, aquele comportamento não condizia com a sua aparência frágil, tendo em vista que durante o concerto ela ruborizava cada vez que ele se punha a fitá-la um pouco mais de frente. Felizmente ele estava enganado.

Ele tentou falar algo, mais ela logo levou o dedo até o lábio pedindo silêncio.

Para ela ele seria um mero expectador naquele jogo e não o contrário, isso ela não admitia nunca.

Jogou a calcinha em sua direção, com a outra mão desabotoou o casaco e deixou um seio a mostra de onde ele estava sentado a sua pele parecia ainda mais branca e a pequena fresta de luz em sua direção era o suficiente para ele perceber que seus olhos ganharam um brilho lascivo. Ela mordiscou a parte inferior do lábio e pendeu a cabeça, enquanto uma mão amparava um dos seios à outra ia de encontro ao seu sexo.

Ele quis tocá-la, mas ela não permitiu, queria se lembrar dele assim, com os olhos cheios de desejo e fúria, ela então se livrou da saia para que ele tivesse uma visão completa da sua nudez, então se deu conta de que estava nua em pelo e um total desconhecido a observava sentado no seu sofá, obviamente isso a excitou ainda mais e ela só conseguia pensar que dele só sabia das histórias sobre sua estada na Índia e alguns poemas que ele fizera questão de declamar no decorrer da noite, pra ela isso bastava, sabia o que dele era mais intenso.

Ela então se levantou e foi até ele, beijou seus lábios com devoção, como se quisesse arrancar dele todo o desejo e fúria que virá estampado no seu olhar durante toda a noite. Num longo beijo levou a mão até o sexo e em seguida colocou os dedos entre os lábios dele para que pudesse sentir o seu cheiro e o seu gosto. Depois disso sentiu o seu hálito quente indo de encontro a sua nuca e lentamente se aproximando do seu sexo, sua saliva quente, seus lábios sutis rapidamente a sorveram com tamanha ânsia que toda a sutileza ficou para trás e deu espaço ao seu desespero, era como se nada pudesse aplacar o desejo misturado ao desespero de possuí-la.

Beatrice se contorcia e cravava as unhas em seus ombros cada vez com mais força, gemendo alto, arqueando ainda mais o quadril como se quisesse vê-lo dentro dela.
Lentamente seu corpo foi se acalmando, seus lábios se avolumando, emitiu um ultimo suspiro e se entregou a fúria do desejo dele e gozou logo em seguida.
Permaneceu inerte por alguns segundos como se nada além do seu sexo pulsasse, levantou levemente os olhos e o viu ali prostrado a seus pés, com a cabeça amparada em suas coxas.
Voltou para a mesma posição de inércia, gostou do que viu. Era exatamente assim que ela o queria desde que havia colocado os olhos sobre ele naquele concerto, mais isso ele jamais saberia.

quarta-feira, outubro 27, 2010

Sua


Nós temos medo de nós dois, carinho, meu rapaz! Meu homem que eu levo a sério com discrição e despudor, minha criatura mantida em amor por mim sob os olhos atentos da minha alma mais limpinha triturada e provocada pelo meu lado mais sujo. Você se deixa queimar, ou esse fogo só arde sobre mim?

Não quero investigar estrelas, eu quero a proximidade da tua pele na minha.

Eu quero o êxtase. Eu quero queimar sempre, mas eu sinto que a palavra precisa de voz. Só escrevo por isso, porque a palavra sem voz é uma palavra vã. Eu preciso da voz, antes a entonação que a métrica. A métrica da linguagem é o corpo e como ele se revela. Não existe simetria, só existe cheiro e tato. Eu tateio estrelas, eu busco o impossível, eu busco a beleza entre os destroços, eu busco uma centelha, eu busco o ar, eu busco esse rastro de beleza onde o olho humano não vê. A beleza de cada ser, a beleza nos olhos. Eu busco o que está perdido nos baús empoeirados de angústia e dor, eu busco beleza na angústia, eu busco um sopro de poesia onde tudo é dor. Onde está a sua beleza? Por que tantos questionamentos? A filosofia se perdeu com a modernidade e nem temos grandes causas, mas isso só se questiona quando se vive, e então eu me pergunto: Você está vivo?

 Quem cuidará das tuas chagas, quem colocará os dedos nas tuas feridas sem que elas causem repulsa a outrem? 

Não se iluda meu jovem, você nunca esteve em uma guerra de verdade, brinca com as tuas guerras particulares, você nunca teve vontade de morrer por alguém e a tua pele agora me parece fria e já sem vida, mas eu ainda vejo beleza nos teus olhos e as tuas mãos ainda pulsam.

Não jures amor em vão e nem tão pouco faça pouco do amor que te oferecem, não queira perpetuar a tua boca em mim, guarde a tua saliva, ainda vais precisar dela. Quem é você?  E como é que ousas ficar longe de mim? Como é que se resguarda você um homem  simbólico do meu alfa beta puta que pariu,  que eu vejo longe demais e que vai continuar assim; Ouviu! Entenda que eu não vou deixar você mandar aqui, sou jovem demais pra sua visão arcaica e moralista da paixão mundana do amor, viciada do sexo que você respeita e deturpa demais e que não sabe levar ao leo e nem dar tempo ao tempo. Sou velha demais porque construí uma pele renovada e que você quer lambuzar pela primeira vez.

  E mais uma vez eu pergunto: 
Quem você vai amar dessa vez! 
Mais uma bastarda? 
 Não, uma parte de mim.
Mais uma puta?   
 Não, uma parte dos meus personagens.

 E eu tenho que te amar como eu sou  e isso me irrita e me enoja em ti porque eu te amo erradamente,  corriqueiramente todos os dias sem detestá-lo.

Porque ousa você me instigar e me provocar com as tuas tentativas patéticas que não quero negar a ninguém, muito menos a ti, e que nego a ti por pensares quem sou.
Depois vem e diz que não conquistou nada,  mesquinho, mentiroso e inóspito você que joga e manipula dados e peões, vacas e rainhas, todas as mulheres te repugnam e querem dar pra você e finges que não vê. Finges que é esfinge. Finge superioridade quando só é superior, quem ri de ti ou goza do melhor que tens a dar a outrem e o que não dá?

 O que fazer contigo em mim? Você, um labirinto incauto em história de uma vida em televisão e realidades nuas sutilmente cozinhadas em fantasias que estimulará em mim todas as noites com o seu gosto de cinema na língua. ÉS tudo e ÉS nada rapaz, não viveu nada e tem sede de tudo, tem pressa de um tempo medíocre que não sabe o que foi nem o que eu vejo dele hoje, mira-me errada como ÉS e não me vê como sou.  Não me vê mulher , mas fêmea, tentar prurir em mim uma função na tua vida que não tenho e nem terei, anuncia ao seu Deus e ao mundo que ÉS como eu e que fará bem a mim dando de ti a mim o mundo. 
Tenho medo do que vou sentir depois que dar pra você e olhar a tua cara satisfeita, refeita de feliz, como seria você feliz? Seu carinho fingido, seu gozo mentido, seu cuspe envernizado no seu corpo que cheira a suor e  sabão caro e duro, rudimentar demais.

Você que não estava vivo quando comprei o meu primeiro perfume que não era meu, quando eu por um tempo deixei  de usá-lo por causa de homens como você.
Tenho medo de olhar pra ti depois de dar- te a mim e saber que seus clichês são tão previsíveis. Foi bom pra nós dois e se foi  você vai me fazer sobrar o quê pra querer? Se posso querer coisa melhor, se tenho coisa melhor ao estalar uma ponta do meu dedinho aos ecos do castelo e da sarjeta. 

Você nunca foi à guerra, fugiu da escola e do exército da nossa pátria amada, mas foges da mulher amada, vai até ela quando quer, trabalha quando quer. Não tem compromisso e nem assina cheques, você nunca matou um homem nunca fez uma mulher se matar, nunca atirou uma pedra ao precipício e invade o meu território com cem mil soldados, todos buscando a minha aprovação como se eu fosse mulher que desse aprovação a algum homem que precisasse de mim todas as noites.Você que teve a minha aprovação tantas vezes, logo terá a ousadia de dedilhar-me e ainda assim ouvir o meu simples sim? 

ÉS tolo o sim, eu guardo para os outros, eu rio do sim, ele é que me faz gozar. Eu levo a sério o não que nunca soubestes me dizer, preciso de mais, você não vai me ter, você não vai me prender e se me tiver provavelmente não vai me querer por tempo além do seu próximo projeto de desenho, você que não sabe os seus desejos que delineia desejos com projetos de mulheres e projeções do seu inconsciente bárbaro, canalha, leal, amigo, amante que não sabe amar e se fez ser amado uma única vez na vida por mim. 
E se eu não quero o mundo? E se eu só quero de ti o seu mundo e a mim, e  pensa na cama, vê se suja bem a sua cama perfumada se é pra ser feliz com o teu deboche e lágrima de amor.
Da sua...

Taci Galdino .
Sebastião Maciel.

quarta-feira, setembro 29, 2010

Lamentos Vãos


Querido (...) já estou aqui há algum tempo, tenho andado pela cidade, conhecido gente. Noite passada conheci uma mulher que me deixou inquieta, não pude deixar de escrever os seus lamentos.

Perdi minha alma em alguma ruela, eu a perdi perambulando em ambientes mal cheirosos, entre azulejos sujos.

Não sinto mais cheiro algum, nada de cheiro de casa ou de mesa posta. O que me acalenta agora é esse vento frio cortando o rosto.

Não me dou mais, eu já não sei sentir, já não tenho alma nem calor, mas não quero permanecer assim, seca, oca, me lembro de ter pensado poucas vezes na minha vida de antes, alias já nem sei se era vida, mas mesmo assim era algo, algo que eu podia acreditar se chamar alma.

Agora olho pela janela os carros passam, ando fumando demais, essa boemia tem que acabar, já não temos grandes poetas e as minhas cartas já deixaram de ser intimas. Elas agora são só lamentos e rabiscos, escrevo pouco, bebo muito e sinto falta dos meus. Alias os meus já não existem, restou apenas um e eu não quero que ele me veja assim, oca, seca.

O trabalho me cansa, mais uma vez estou só, sempre a mesma poltrona cor de sangue seco, sangue coagulado. Sonhei com cores, elas - apenas elas eram vivas e eu apenas um cadáver.

Minhas entranhas estão secas e eu só enxergo vida quando elas sangram, meu sangue é vermelho vivo, assim como as minhas unhas. Estou amarga, minha boca já tem um cheiro fétido, cheiro de coisas amargas e passadas.

Queria procurar-te bater a tua porta, como da vez primeira ou da ultima, mas não consigo lá fora o vento é frio, um dia estranho de verão e que me faz refém da minha vontade. Estou sempre rodeada de gente, mas me sinto tão sozinha, queria encostar a cabeça no teu peito e sentir os teus dedos ninando o meu cabelo, igual quando eu ainda tinha alma.

Saudade da tua música no meu corpo, me invadindo e entrando fundo nos ossos. Sentir o teu suor e a tua inquietude.
E esse vento balançando o meu cabelo já em desalinho. Ontem foi um dia tortuoso pra mim, a tua ausência anunciada e eu num canto qualquer observando gestos teus que me parecem tão meus.
Gosto como o teu lábio inferior se contrai, gosto do movimento da tua língua quando se põe a falar pelos cotovelos. Gosto como ela toca os teus dentes brancos, teus dentes na minha carne quente e trêmula.

Eu desejei, eu ensaiei ir ter contigo, mas meu corpo já sem alma não obedeceu ao meu desejo e então eu a vi sentada num canto, eu a vi lá! Inerte, desconcertada, desfigurada.

Vento frio entrando pela janela amarela corroendo os ossos e indo de encontro às paredes frias e sem alma como eu agora. Ela assim como eu buscando um olhar cúmplice, aquele desespero e eu a me perguntar. Será que ela - Aquela também era eu?

terça-feira, setembro 28, 2010

Homem Incapturável



Eu já amei muitos homens ou pelo menos tive a ilusão de que eu os amava e minha grande frustração como mulher foi que durante muito tempo não conseguia separar o sexo do sentimento, sexo pra mim significava ter o amor do homem por inteiro, e nesse pacote vinha incluso o sentimento de posse, mas depois que esse homem me libertou ele me fez descobrir que hoje o meu sentimento de posse dura o tempo exato de um gozo. Enquanto ele está dentro de mim ele me pertence por inteiro. Ele conseguiu reacender a mulher que estava adormecida em mim, me fez voltar a enxergar com os meus próprios olhos e o que é melhor me vez ouvir os anseios do meu sexo.

Esse homem a que me refiro onde quer que ele vá se torna o centro das atenções, seu charme é irresistível, tem uma certa timidez que se dilui com primeiro copo de vodka, ele sempre se desdobra pra satisfazer o gosto de cada uma das suas mulheres. Ele é o que eu costumo chamar de o homem incapturável. As mulheres caem aos seus pés, quanto mais elas o envolvem mais ele foge, ele sabe que exala desejo, seus olhos são lascivos. Tem sempre o mesmo brilho que quem está fazendo amor.

No nosso primeiro encontro ele quis se masturbar pra mim, disse que queria que eu conhecesse seu pau como ele o conhecia que me mostraria exatamente como lhe dar prazer, eu olhava tudo avidamente, desejava ter a mesma cumplicidade que ele tinha com o seu membro. Eu observava tudo fascinada, a elasticidade das mãos, o ritmo, a mudança do toque entre a pegada firme e a sutileza em que ele acariciava a cabeça com as duas mãos dando o formato de uma concha, em pouco tempo fique intima do seu pau e ao menor toque ele já enrijecia.

Lembro-me que certa vez ele me obrigou a abrir as pernas em frente ao espelho e pintar meu sexo com batom vermelho, depois que eu o fiz ele abriu minhas pernas lentamente e se pôs a me lamber como um felino e aos poucos foi introduzindo os dedos. Primeiro um, depois outro eu os segurei e o acompanhei, os movimentos eram vagarosos, às vezes ele sequer os mexia, eu sentia o volume dos seus dedos dentro de mim e aquilo era uma espécie de tortura, mas que conseguia me atingir de uma maneira visceral.

Quando o gozo se aproximava ele retirava os dedos e sugava os meus seios lentamente, passando a língua pelos bicos, se dedicava a cada um deles com a mesma devoção, meu corpo convulsionava e quando eu chegava a acreditar que já não me restava mais nada ele me colocava de quatro e me pedia que eu me observasse no espelho, ele dizia que nessa posição ele tinha uma visão completa do meu sexo e de todos os orifícios que ele podia adentrar com a língua, com os dedos.

Ele se deleitava com cada pedaço meu era nessa hora que ele acelerava os movimentos, eu me contorcia, movia os quadris como uma louca enquanto ele sussurrava.
- Goze agora! Goze agora que eu estou mandando. Dê pra mim agora. Se entregue como nunca se entregou antes.
Eu sempre obedecia depois desse encontro à sensação que ficou em mim é que eu nunca deixaria de obedecer a esse homem. E que só com ele eu poderia desfrutar de todos os prazeres sexuais que durante muito tempo eu neguei.

Suas Mãos


O conheci voltando da guerrilha, nas mãos e no rosto as marcas de sua luta e nos olhos o êxtase.
Olhou-me e achou que eu estivesse brava, mas não.Era medo. Medo profundo por saber que depois daquela tarde não teria mais volta.
Eu esperei por ele todo esse tempo, eu esperei desde o ultimo beijo. Sinto que posso lhe dar algum calor, ele acha que eu decifro coisas muito intimas.

Suas mãos estão sujas de tinta e o meu cabelo preso esconde o desejo. O desejo de beijar-lhe as mãos.
Eu lhe ofereço vinho enquanto ele me desenha, ele tem acesso a toda a minha intimidade. Aonde eu vou levá-lo é segredo, sinto que os nossos desejos são irresponsáveis. Secretos- Únicos - Nossos.

Agora já é tarde e eu me deixo queimar, ele é fogo e eu sou água. Ele é insaciável e gosta de tudo ao contrario e eu misteriosa, cheia de segredos. Só me deixo decifrar através da sua tinta.

Não sei o que me inquieta se ele ou o tango! Ele me lê com as mãos e em retribuição eu lhe ofereço todos os meus tangos.

Ele me confessa seus sonhos, diz que sonha com a minha boca, Confessa ter vontade da minha pele e de estar no meio das minhas pernas. Diz que tem vontade de sentir o que eu sinto, quer entrar em mim com a língua, ele me desfragmenta pra poder conhecer cada pedaço do meu corpo.

Eu o deixo entrar e ele beija, lambe, sente o meu cheiro, beija os meus pés e ele me desenha assim, nua, entregue.
O medo que eu senti quando vi suas mãos sujas de tinta não existe mais, agora eu as quero no meu corpo, quero todas as suas cores se misturando num desenho perfeito, desenho de gozo.

Ele me permitiu ultrapassar o portal e agora já é tarde, eu já conheço as suas nuances, sei como ele desvia o olhar, ele lambe não só o meu corpo, mas a minha alma e então eu peço pra lamber as mãos dele, mãos sujas de tinta, todos os cheiros misturados na sala, tinta e cigarro, sexo e desejo. Boca e língua.

Eu o vejo seduzido, indefeso, tal como um menino descobrindo o sexo, sonhando o mais intimo dos sonhos e desejos. E eu o faço homem! Meu homem. Eu preciso dele e desse cheiro no meu corpo, cheiro feito de duas pessoas.
Tinta, lábios e desejo.
A tinta escorre pelas pernas, nos seios e ele tem fome. Fome de bicho, eu agora sou inteira nele, como um animal ele bebe tudo, as mãos, os dedos. Mostro-me, me toco e ele olha, olha com os olhos de bicho, lambe o meu pescoço e eu o deixo entrar no meu corpo, na minha musica.
Eu reconheço o gosto dele na minha música, bebo da sua saliva. Dançamos nus pela sala, entrelaçados, ele está seguro, está protegido nos meus braços. E nós fazemos amor até nos sintonizarmos de vez, até entender todos os nossos toques, gemidos e pausas. Até virarmos um só suspiro, até uma pincelada virar gozo.

Tudo acontece sem pressa e ele diz que o nosso cheiro misturado com tinta dá arte, depois de cessar a música sinto que ele precisa voltar pra guerrilha, mas mesmo longe eu consigo farejar o seu cheiro.

quarta-feira, setembro 22, 2010

Carta a Uma Desconhecida


A conheci num bar era inverno, os cabelos em total desalinho, os olhos fixos em um canto qualquer, fumava um cigarro me parecia gostar muito da música, pois cantarolava baixinho, passei horas observando aquela mulher com total estranheza, ela era o oposto de todas ali, me aproximei e ela me fitou nos olhos como se já me esperasse, me convidou pra sentar e permaneceu em silêncio, aquilo me desconsertou, me senti um menino sem sequer saber onde colocar as mãos, pra onde olhar que não para os seus lábios, ao findar a música ela novamente me fitou com os olhos ainda mais brilhantes e me perguntou: Gosta de Chico? Em seguida cantarolou Luiza quase balbuciando, e eu ali parado sem conseguir dizer uma só palavra, acendeu mais um cigarro em espera a minha resposta e antes que eu pudesse dizer algo emendou: Sei que a música é do Tom, mas Luiza sempre vai ser do Chico. 

Ficamos alguns minutos falando sobre música, sobre Luiza, Beatriz e todas as mulheres já cantadas. E eu só conseguia pensar que eu sequer sabia seu nome e achei melhor não sabê-lo.

O ambiente era escuro a fumaça do seu cigarro subia e fazia uma aureola em volta da luz, ela dava longas tragadas em seguida passava a língua por entre os lábios, perguntei o que ela estava bebendo e ela disse uísque me acompanha?

Ficamos ali não sei por quanto tempo tomando uísque e rindo, tudo nela me deixava sem graça, à maneira como passava a mão nos cabelos, como virava os olhos e travava o maxilar quando eu não concordava com alguma opinião dela.

Saímos de lá e fomos para o meu apartamento, ela andou pela sala, parou de frente a estante, olhava com prazer para cada livro, admirou alguns, abominou outros, dentro de mim tudo gritava. Me pus a fita-la percebendo as nuances do seu rosto,  a maneira como ela deslizava os dedos por entre os livros, o contorno da sua nuca exposta, o cabelo curto, como ela parecia frágil, eu estava em êxtase, mas então o seu telefone tocou o som me fez voltar a realidade, ela disse que precisava ir embora, saiu apressada sequer tive tempo de me despedir.

Voltei ao mesmo bar diversas vezes na expectativa de voltar a vê-la, nunca mais a vi. Dela só me restaram às canções do Chico.

Gosto Ocre


Eles se amam com o desespero dos apaixonados, seus corpos têm a ver com Deus. São como a natureza, perfeita nas suas funções, faz ter sentido a beleza.
Porque a beleza dos seus corpos é a fluência de quem eles são, e do que eles fazem.

As noites de amor são intermináveis, os beijos sempre tão apaixonados, eles são feitos do mesmo barro, já se fundiram e agora são um só corpo, se tornam um só nas delicias da cama e na loucura do sexo sempre tão voraz e apaixonado.

Ele acaricia seu rosto com ternura e já não existe mais lucidez em seus atos, em seguida a golpeia como se quisesse vê-la morta, como se quisesse ver esvair todo aquele amor através da mão que golpeia.

Ela nada diz aceita, aceita o amor que aquele homem tem para lhe oferecer, ela há muito se tornara escrava daquele amor que sempre lhe parecerá tão impossível. E nem daria para ser de outra maneira, ela sabe que só está viva por ele estar nela, ela sabe que aquele amor é a sua gloria e também sua ruína.

Já cansada lhe diz: - Só gosto de mim por gostar de você, a minha vida só vale a pena se você estiver em mim e assim ela aceita o golpe, calada, permanece inerte... O sangue escorre pelos lábios, sente o gosto ocre, mas está feliz. Mesmo sem saber o que virá depois continua a lhe oferecer a face, e só consegue pensar que aquele amor deveria existir até que a ultima pessoa viva morra de cansaço.

terça-feira, setembro 21, 2010

Proibido

Ouço a mesma música repetidas vezes que é pra ver se eu te tiro de mim, a lembrança do teu nome surge nas horas mais impróprias.

Me olho no espelho e percebo que já deixei de usar batom e coleciono até verdades sujas e nada de te tirar de mim.

Danço pela casa nua. Passeio pelos cômodos frios. Paro mais uma vez de frente ao espelho, meus pés me guiam, a dança me envolve. Volto à sala. Nunca entro lá. Mais hoje no ímpeto da dança eu entrei e me deparei com você sentado no tapete com uma taça de vinho na mão.

Fecho os meus olhos, não ouso te olhar, a musica cessou, o único som que eu ouço é o som da tua voz me convidando para uma taça. Sento-me e aceito o vinho.
Você me pergunta se eu estive com outro homem durante a tua ausência. Levo os dedos até os teus lábios e o faço calar. Não quero te contar mentiras. Não estando assim! Nua.

Também não quero te contar verdades, pois sei que ouvirei as tuas, sei do prazer que vai sentir me contando que foi atrás de todas as putas da cidade e que buscou nelas o meu cheiro.

Enfim consigo, olho-te uma vez mais e percebo a tua boca atrevida nos meus dedos, de súbito me levanto. A taça cai, o som ecoa pela sala eu corro, saio e tranco a porta. Minhas lembranças me abandonam por completo e só então percebo que entrei no lugar que me é totalmente proibido.

domingo, setembro 19, 2010

Ânsia



Meu tesão nos últimos dias tem sido proporcional as imagens. Fase imagética do tesão. Enquanto não posso te sentir reviro todos os meus álbuns em busca de imagens tuas e elas me provocam o melhor dos desejos. Ando querendo te ver mais e mais.
Quero tudo que tenho direito, sentir os teus dedos percorrendo o meu sexo e em seguida tua língua quente me revirando do avesso até me fazer gritar. Queria poder te sentir essa noite... Só assim esse jogo ficaria mais real e prazeroso. Te espero cada vez mais, com mais vontade.
Reviver as nossas sensações deliciosas. Compartilhadas, ainda me molho por ti, ainda levo o dedo a boca depois do gozo. Me recordo de chupá-lo até doer meu queixo. Da minha devassidão gostosa e que sempre lhe pareceu tão apaixonante.
Teus dedos que brincaram dentro do meu sexo até arder, até me ver choramingando de dor e mesmo assim pedindo para não sair de dentro de mim, me deixando louca. A tua vontade de colar teu corpo no meu de me amar de todas as maneiras. Sentindo sempre novas versões do nosso tesão, dessa nossa nudez irresistível. Sempre. Olho tuas fotos e é como se eu o ouvisse dizendo: - Deliciosa, que maravilha de mulher, linda, livre, tesuda e gostosa. Assim como também me recordo de você entrando devagar, com calma, me deixando melada, alucinada.
Essa lembrança me rendeu várias noites e algumas fugas vespertinas da realidade. Meu corpo esteve junto ao teu e promoveram líqüidos e secreções em quantidades fenomenais. Penso volta e meia na sexualidade luminosa que me trazes através dos teus olhos.Quando me lembro deles. Meu corpo amolece.
Viajo no tesão mais adolescente e tenho vontade de te ordenar que me municie de mais e mais imagens vivas das tuas reentrâncias e delicias que se escondem em outros corpos e em outros panos. Estou desnuda e assim permaneço com as pernas abertas num prazer que agora é totalmente egoísta.
Me recordo que meu corpo fazia festa no teu corpo, ficávamos corados de gozo e prazer, adormecemos juntos em uma noite só nossa. Tenho pudor em te pedir mais. Me alimento da minha fantasia e delírio, delírio esse que você conseguiu abrir num canal de prazer e desejo como ninguém o fizera dantes e você o fez de maneira tão pouco usual. Eu só te conheço dessa forma vividamente forte.
E mesmo ausente você sempre vem para mais uma viagem alucinada e alucinante. E mais uma vez me transforma em tua mulher gostosa até deixá-lo exausto e louco de tesão.
Se você for meu novamente, serei tua mais uma vez. Serei tua gata molhada, para que sintas meu cio, para que essa obsessiva vontade de foder contigo não passe até te amar e ser amada por você.
Até chegar onde pudermos chegar de tão fundos e amalgamados num mesmo orgasmo deliciosamente nosso, secreto, inesperado e delicioso. Nosso tesão é raro, inquieto cheio de desejos, desejo de foder de todos os jeitos possíveis e alguns impossíveis. Quero te mostrar minhas entranhas sem pudores nem vergonhas. Merecemos isso, por tudo que fomos e por tudo o que ainda seremos.
Começo a ter síndrome de abstinência, estou viciada em ter prazer com você, meu amor. Minha delicia, minha só minha... Não consigo parar de pensar na maneira insana que me fazes gozar, na maneira em que tu sorves meu sexo, nosso sexo totalmente vadio.
Teus olhos que me comerem até as seis da tarde, até que eu caísse exausta, louca, com você grudado em mim, tatuado no meu corpo que agora lateja, doe, de tanta saudade. Vem agora. Quero te ver entrar nitidamente em cores e sabores reais.

Resquício

Seu beijo
Seu lábio
Seu sexo
 Seu gosto
    Seu umbigo

A textura da tua pele alva sobre os lençóis, teu sexo exposto e tão convidativo ao toque, minha língua indo de encontro a tua boca. Tuas pernas se abrindo.

    Teus pelos
    Teus olhos
     Teus dedos
   Teus sons
Teus ais
 
Ficou um pouco do teu cheiro nos meus lençóis, ficou em minhas mãos a saudade.
Ficou também a tua sombra na porta.
Fui eu que nunca te despiu e que sempre te viu nua, mas 
não se esqueça foi você que disse sim.