sábado, novembro 12, 2011

Helena



Esse pequeno instante de eletricidade, essa pequena morte era pra Helena sempre um recomeço, mesmo exausta ela queria mais e mais, queria que essa sensação, essas faíscas não cessassem nunca, por vezes depois do gozo, Helena se deitava de lado,com as pernas juntas numa espécie de suplica, quadril arqueado projetando as nadegas pra trás, fazendo com que assim quem estivesse atrás dela tivesse uma visão ampla do seu sexo, fantasiava línguas, dedos, bocas, estava ali exposta ao alcance de quem passasse, fosse homem, fosse mulher, qualquer um que fosse, ela estava ali pronta, aberta como flor orvalhada.

Ela, porém sempre se perguntava: O que fazer? Eu sou assim, preciso pensar coisas sujas, imaginar bocas desconhecidas para amplificar esse pequeno instante, nascera assim, feito bicho, mas era bicho diferente, estava sempre no cio, por vezes fantasia andar sobre patas, sem roupas, ainda mais aberta, ela era de quem sentia o seu cheiro, de quem se sentia atraído por ele, não sabia ser diferente, aprendera assim.

Desde o primeiro homem, dele só desejou o prazer, nada de beijos, nada de afagos, nada de nada, apenas línguas e dedos e que venho o próximo, esse já não me serve. Puta!Puta nunca foi, nunca cobrou por suas prendas.

Helena era o que então? Por suas pernas passaram reis, rainhas, pobres soldados, mulheres maledicentes, pra ela não tinha importância, fosse quem fosse ela estava sempre pronta.

Seu monte de Vênus ostentava uma penugem negra que reluzia ao sol tal como seda brilhante, mas Helena gostava mesmo era da penumbra, onde rostos, homens e mulheres ganham outras formas, onde perdem os pudores e as mascaras caem, ela era assim e quem poderia questionar? Os que iam ter com ela? Não, esses eram feitos do mesmo barro, libertinos em busca do prazer.

Certa vez lhe perguntaram se ela não se cansava de ser sempre assim receptível e ela respondeu sem pestanejar, me cansa ser como os outros, só sou uma mulher na nomenclatura, dentro de mim sou bicho e quem há de me repudiar? Tu que vens até mim com os olhos famintos, percebo a baba que escorre dos teus lábios, só não tens coragem de te servir.
Dito isso Helena se fechou, não es digno sequer de me olhar, pois me vê como uma vergonha, vergonha tenho eu te ti que nega a tua fome, dizendo isso o expulsou da sua casa.

Naquela noite ele não dormiu, se questionou e acabou por invejá-la, ela porém se fez mais bela ofereceu além do seu sexo seus seios e sua boca a oferta fora bem recebida por todos que entravam.

Na manhã seguinte aos primeiros raios do novo dia, ele estava lá na porta de Helena, olhos de cachorro faminto, ela que não era de recusas o deixou entrar, estava nua trazia no corpo odores misturados aos seus ele não resistiu e com fúria se jogou sobre ela, lhe mordendo a nuca, lhe cheirando as nadegas e como bicho se esbaldou sobre e dentro dela. Helena com os olhos ainda mais brilhantes e vidrados só teve tempo de balbuciar... Entende agora? A fome sempre é maior que a decência.

Henri de Toulouse-Lautrec









domingo, novembro 06, 2011

Lágrimas Rubras.

Os cabelos presos logo foram soltos fazendo com que assim eu os sentisse sobre a minha nuca e os meus ombros, minhas costas apoiadas na parede senti seu membro indolente numa fúria desavergonhada.

Empurrou-me rumo à cama, senti na minha pele a maciez do lençol de seda, isso fez com que meu corpo se arrepiasse e assim nesse estado latente dei aos seus olhos e as suas mãos toda a liberdade, me sentia naquele momento obsequiosa demais pra discutir.

Ele se jogou sobre mim com ímpeto total, a liberdade que eu dei aos seus olhos e suas mãos já não bastavam ao seu desejo e suas caricias se intensificaram.

Beijou os meus lábios com total despudor, lambendo o meu rosto, mordendo minha orelha entoando cantigas rente a minha pele num tom de confissão.

Eu as ouvi e logo minha pele ganhou outra cor, ela passou de branca para um tom rubro.

Meu desejo agora estava todo concentrando no meu sexo, senti meu liquido quente molhando os lençóis já num começo do que seria minha submissão total.

Rendida lhe implorei que rasga-se a minha roupa e assim ele o fez, mas não antes de desferir alguns golpes sobre o meu rosto.

Virou-me de costas num movimento brusco, mordendo minha nuca, minhas costas, senti seus dentes entrando fundo nas minhas nádegas.

Logo eu estava vermelha, meu corpo marcado pelo furor que saia de mim e se apoderava dele, não suportando a idéia de me ver sofrer, afagou os meus cabelos com ternura e eu na minha desfaçatez permite que ele o fizesse.

Em seguida segurou firme a minha cintura, me rodando e me fazendo voltar a posição inicial de frente pra ele.

Pacientemente acariciou meu corpo, olhava cada pedaço meu como se fosse à primeira vez, seus olhos cintilavam.

Lagrimas então surgiram dos meus olhos numa tentativa vã de aplacar o fogo que consumia toda a minha carne agora estirada sobre a cama.

Seu corpo fazendo pressão sobre mim enquanto minhas lágrimas banhavam meu rosto agora mais quentes do que o meu próprio corpo poderia suportar e numa explosão de volúpia me fiz ainda mais rendida, mas ainda não me sentia satisfeita, eu queria mais, precisava de mais, pedi que me batesse com mais força e ele então se tornou fugidio por alguns segundos só pra em seguida puxar o meu cabelo levando pra junto dele o que ainda restava de mim, senti sua respiração vindo de encontro aos meus olhos, seus lábios se abriram e ele secou as minhas lágrimas com a língua.

Permaceu assim até que eu adormece-se, depois? Depois eu nada senti.

quinta-feira, outubro 20, 2011

Memória de Pele.


Eu esperei pacientemente até o momento em que eu me despiria, haviam muitas luzes no quarto.

Existia no seu olhar uma avidez assustadora, não dissemos uma só palavra, nos abraçamos e permanecemos assim, o abraço durou o tempo de uma opera, senti o desejo ardente do seu corpo e instantaneamente meu corpo reconheceu cada poro do corpo dele. 

Suas mãos passearam pelo meu cabelo, silencio, nada de palavras, a linguagem agora é a do corpo, ele dita as regras.
Penso que em outros tempos já estaríamos nus na cama, mas hoje não! Hoje nos reconheceremos, ele agora trás cicatrizes de guerra.

Olho a nossa volta, a cama, o lençol branco, um branco anil, o quarto iluminado faz daquela cama um altar, minha carne é tremula e nas minhas entranhas corre sangue, sangue rubro.
Nosso amor é vermelho, tal qual o sangue que jorra de mim, penso nos lençóis brancos, penso que se eu me deitar nele vou maculá-lo com o meu sangue hesito.

Continuamos ali abraçados, para no momento seguinte me ver despida por ele que lentamente tira o meu vestido, me deixando então frágil, o vejo detrás de mim pelo espelho, me encolho, ele me enleva, toca meu ombro afetuosamente, com calma faz cair a alça do meu sutiã e toca os meus seios que já estão quase a mostra eu me fito no espelho, sinto sua mão forte apertando a minha bunda, enquanto morde a minha nuca num movimento sincopado, sua outra mão busca pelas minhas coxas, ele as aperta querendo tirar de mim um som doce e melancólico e tem êxito.

Já com as mãos livres, tira a minha calcinha percebe o sangue que escorre pelas minhas pernas, eu tento me livrar dele, corro compulsivamente pelo quarto, corro em círculos, até que ele sem fôlego consegue me alcançar, me jogando então sobre a cama, sobre os lençóis brancos antes imaculados, mas que agora carregam a macula do meu sangue.

Ele se diverte com a cor rubra e diz que meu sangue é da cor dos meus lábios e assim me beija com voluptuosidade, sinto sua língua tocando a minha, nada mais se move, os lábios só se encostam, apenas a língua dele passeia dentro da minha boca, ofereço então a minha, ele aceita e eu sinto uma pequena explosão, um frêmito.

Meu corpo num rumor surdo e áspero... Minhas mãos embora livres estão presas, não consigo me movimentar estou paralisada na cama tudo o que eu sinto é sua língua encostando na minha num desvario de quem tem pressa em engolir o mundo. E ele o faz como se me comesse o sexo.

Assustada abro os olhos pra ter certeza que é mesmo ele! Sim é ele. Volto a fechá-los e só vou reabri-los depois do beijo.

Ele me oferece seus dedos e sinto cada centímetro deles entrando dentro de mim, tão fundo que chego a me contrair de dor e percebo que só ele consegue chegar tão fundo em mim, sempre nos pertencemos e não seria diferente dessa vez, seus dedos estão sujos de sangue e as primeiras gotas de suor começam a molhar minha testa, ele as seca fazendo com que assim meu rosto também fique sujo com o meu sangue, assopra meu rosto, seu hálito fresco recai sobre mim como uma pequena brisa.

Ele se desloca na cama como um bicho e só para quando chega no meio das minhas pernas, fazendo com que elas se abram num movimento quase brusco, me olha minuciosamente e eu cheiro os meus braços, meus ombros, resgatando assim o cheiro dele em mim.
Sem pudor algum ele lambe meu sexo, diz que meu sangue é doce assim como a minha boca. Ele tem uma necessidade intensa, quer verter tudo de dentro de mim, demonstro uma certa resistência, mas ele me impede levantando então os olhos buscando os meus e eu me vejo refletida nos dele. Percebo então que ele é o meu espelho.

quarta-feira, outubro 19, 2011

Paixão Aguda e Urgente.

Traz-me tua paixão aguda e urgente, trás o teu desejo que não se encerra, vem se mexendo para que eu possa me abrir em movimentos sincopados.
Quero-te ainda, hoje, alucinadamente mesmo de longe, vem me tirar do chão, do sério.
Vem me fazer ter certeza que eu sou a tua bússola e também a tua desorientação, quero que abra com tua mão o que sempre foi teu. 
Me dispo, estou nua sinto a minha barriga tremula a espera de sentir o teu corpo colado ao meu, esperando o que já é uma adição tomar conta do meu sexo e desejo.
Te espero. Vem logo. Com Calor... Pressa... Vem suprir os desejos da minha boca que espera por um beijo teu.
Faz alguma coisa, te quero já, é urgente sim!
Vem me acende como se acende a um fogo. Uma lâmpada, tocha, uma mulher.
Vem me excita, eu quero que isso se faça mais e mais e de novo, fortemente como tem sido, hoje, agora!
Repito todos os gestos como costumava fazer antes da sua partida, me sento na cama de frente para você, nua...Com as pernas abertas, me tocando e te olhando nos olhos.
Revivo todas as variações desse inesgotável e delicioso tema que nos uniu nessa vertigem adorável, sinto o calor delicioso do teu gozo quente no meu rosto, seio, boca, corpo, sexo... Tudo.
Tento me lembrar da tua voz, mas o que me vem é o silêncio,o desejo e eles me bastam. E nesse momento ampliam essa onda de delicias que me pegou de jeito.
Sinto uma explosão pulsante ao me recordar dessa visão, essa visão do futuro mais próximo. 

terça-feira, agosto 23, 2011

Este tango é para vos.


Entre Ana e Lidia o que antes fora cumplicidade hoje se tornara um convívio vil e torpe, elas já não se amavam mais ou se amavam mas não sabiam dizê-lo, uma por orgulho a outra por fraqueza e o que as prendia tem outro nome.

Ana não conseguia superar a traição de Lidia. Ah! Lidia! Lidia que outrora a fizera acreditar no amor, mulher essa que lhe causou tanta alegria, quando se conhecerem Ana estava um trapo, com a alma em frangalhos e era exatamente assim que ela estava se sentindo agora, a vida mais uma vez a surpreendera, se perguntava todos os dias o que fazer, mas não encontrava respostas e o que nela antes era leveza se transformara em pesar, se sentia incapaz de qualquer sentimento, só as longas horas de choro a consolavam, suas lagrimas, esse era seu ópio.

Por mais que Lidia disfarçasse ela não podia negar. Os sorrisos, as longas noites ausentes, a falta de vontade de ir para a cama, tudo nela era culpa, Ana conhecia esse sentimento muito bem, ela mesma já havia sentido todos eles quando a conhecera.

O que fazer com o seu cheiro tão enraizado em mim? Ana ensaiava juntar seus cacos, mas tudo doía tanto que ela achou que nunca teria forças suficiente. Outrora amantes, hoje sentenciadas a duas desconhecidas, dois fantasmas vagando por uma casa sem luz, sem fresta de janela.
Sempre a ilusão do para sempre, ela pensava: As mulheres se repetem, as paixões mudam como a lua, mas elas continuam com a mesma fase, com o mesmo risco certo, essa era a parte vil e torpe a que ela se referia, mas Lidia jamais entenderia.

O furação vem e derruba tudo, cabe a quem organizar a casa? Como ela gostaria de ser forte agora, toda a sua força estava em Lidia. Voltara então ao ponto de partida, Lidia que antes a havia feito submergir do fundo do poço agora a afundara de tal maneira que Ana não sabia mais submergir outra vez.

Se sentia ilhada, sabia o que era a traição dos homens, mas de uma mulher, essa era a primeira vez e por isso doía tanto.
Resolveu escrever uma carta enquanto Lidia dormia...

Querida Lidia

Por mais que você negue, mesmo que eu nunca tenha tido a coragem de te perguntar, pois me doeria tanto ouvir mais mentiras da sua boca, que prefiro conviver com a falta de coragem do que com as tuas mentiras honestas, conheço a tua natureza e ela se assemelha tanto a minha, somos fundidas do mesmo pó e não gostaria de macular essa certeza com as tuas mentiras.

Vais me dizer que é só um caso e que ela nada significa quando na verdade tudo em você queima, já te vi assim antes, conheço os teus olhos e acima de tudo a tua boca. Não negue querida ! é tudo o que eu te peço.
Nunca em nenhum momento da nossa existência juntas lhe fui leviana, por amor e acima de tudo por respeito. Maldita! Mil vezes seja ela maldita, sequer consigo odia-la por sabê-la querida a ti.

Já tive momentos calorosos antes, arroubos de juventude, momentos em que por ciúmes quebrava tudo, mas hoje confesso me faltam forças, talvez por saber que o que se quebra não são coisas, o que se quebra são momentos, recordações esses cacos sim dificilmente serão resgatados.
Será que alguma vez enquanto fazíamos amor você pensou nela? Será por isso que tem medo de voltar a nossa cama?
Hoje não sei porque te senti tão distante e a certeza de não mais poder alcançá-la me apavora.

Ana então cansada coloca a caneta sobre o papel, as lagrimas a consomem de tal forma que ela se sente exausta. Volta a cama e se deita do lado de Lidia e entre a miséria e a esperança acredita que tudo seja apenas tolice sua, como tantas outras vezes também o foram.
Tenta acariciar Lidia e sente que não tem lugar pra ela naquela cama se levanta, anda pela casa em desordem, tal como ela.

Volta há caneta acende um cigarro e fita o papel e percebe que dessa vez não é tolice, pois ela sente na carne, no fundo ela tem medo que Lidia não ouse mentir, tem medo que Lidia uma mentirosa compulsiva dessa vez lhe diga a verdade.

Lidia se levanta, Ana ouve seus passos, se enche de coragem, mas quando a vê se sente fraca, oprimida e recua, não consegue olhar nos olhos dela, nem consegue se jogar nos seus braços e beijá-la desesperadamente, tem medo e recua. 
Mais uma vez Ana foge e suas duvidas a consomem, Lidia sempre tão forte vem até ela e lhe pergunta se está tudo bem. Ana responde que sim e mais uma vez se cala.

Ana vai para o quarto se deita na cama se encolhe e chora, só consegue se lembrar das tardes em que passavam na cama distantes do mundo, no lugar onde elas achavam que nada poderia atingi-las, sentindo seu corpo em transe pelas lembranças Ana não consegue pensar em nada além do desejo que ela sente por Lidia, se sentindo refeita pelas lembranças ela se levanta e vai até onde Lidia está e sem pensar em mais nada a toma nos braços beija-lhe a boca com desespero.

Lidia não a impede, era como se durante todo esse tempo ela só esperasse por esse momento, Ana então a conduz para o quarto e lentamente tira a sua roupa, como se fosse a primeira vez, passeia a mão suave pela pele branca de Lidia, sente o seu cheiro, cheira cada pedaço do seu corpo como se fosse um bicho.

Recosta a mão docemente por entre os seios, encosta a cabeça no seus ombro e lhe diz ao ouvido todo o desejo que ficou reprimido nessa longa ausência de Lidia, conta como vai fazê-la gemer de prazer e pedir mais, sente o corpo de Lidia quase convulsionando. 

Diz entre sussurros que quer vê-la sofrendo, que so seguira adiante se ela implorar e Lidia implora, pede que Ana lhe beije a boca, mas Ana se recusa, continua dizendo obscenidades ao seu ouvido, Ana leva os dedos até o seu sexo, sente todo o desejo na ponta dos seus dedos, retira o dedo lentamente e o esfrega no rosto, nos seios de Lidia pra em seguida colocá-los na boca, Lidia pede que ela lhe beije, está rendida , mas Ana continua a torturando e diz que ainda não é a hora, seu corpo esta quente.

Ana calmamente se move na cama, se coloca por cima dela, segura suas mãos, lhe beija o pescoço, lambe sua orelha, passeia com a língua pelos seios de Lidia, desce até chegar no seu umbigo, agora ela segura firme o seu quadril e pede que Lidia se toque, ela obedece, Lidia leva a mão ao seu sexo e o toca calmamente, passa a mão suavemente, sem o desespero de antes, sua respiração é pesada.

Ana a observa e volta a falar no seu ouvido: Sabe o que sempre me enlouqueceu e que sempre me deixa em transe? O barulho do teu gozo, quero te possuir as vísceras, as mucosas e chegar a alma do teu sexo, mas o barulho do teu gozo melando os teus dedos sempre me deixa enlouquecida, feliz de tanto tesão, feliz de tanto desejar, ver e rever e gozar e te ver gozar e de novo te olhar. Quero reviver essas imagens, as quero na minha retina, perpetuadas. Todas elas, te quero dançando nua na sala, gozando no chuveiro. 

Ana a beija, tem nos olhos o desespero, sente o calor do corpo de Lidia aberto, exposto, vai de encontro ao seu sexo, passeia a língua pela sua carne mais vermelha de dentro, sente o seu gosto, sente o liquido que escorre quente pelas pernas de Lidia, ela então se entrega, seu corpo recai sobre o de Lidia e agora elas se fundiram e o ritmo é de um só corpo, elas se movimentam no mesmo compasso, Ana sussurra então no ouvido de Lidia : Mesmo que você se aventure e tenha outras amantes eu nunca seria capaz de deixá-la eu te amo demais, eu amo como nos somos reais juntas e eu amo acima de tudo todas as fantasias que eu crio em relação a você.

segunda-feira, agosto 22, 2011

As Rotinas de Joana



Nada me apetece, andei pensando sobre isso, vejo as coisas em pequenos borrões como se elas fossem anteriores a sua própria existência.


Faz frio, meu corpo está cansado e seco, o vento insiste em entrar por entre a roupa, fazendo sentir um arrepio dolorido na espinha.
Paro para tomar um café , o casal ao lado parece apaixonado, eles se beijam e fazem juras de amor com as mãos entrelaçadas. Logo adiante uma turma discute cheia de trivialidades, ninguém se olha nos olhos. Não sei se conversaria ou se saberia conversar com quem não me olha nos olhos.


Dois jovens se aproximam e se sentam logo atrás de mim, eles falam sobre a aventura da noite passada, parecem pouco experientes pois só falam dos detalhes, se eu me virasse e perguntasse qual era o cheiro ou o gosto da mulher que esteve com eles noite passada eles não saberiam responder.


Joana faz esse mesmo trajeto todos os fins de tarde antes de ir pra casa, escolhe um café se senta e se põe a observar as pessoas, pra em seguida voltar pra casa exausta das suas próprias especulações.


Quando chega tira os sapatos antes de entrar, mesmo no frio, essa é a regra. Procura as chaves na bolsa e entra já sabendo o seu destino, seu corpo instintivamente vai direto pra cama, se livra das roupas rapidamente e se põe nua sobre as cobertas, mais uma de suas regras, sempre dorme nua não importando a estação do ano.


Se aconchega sob das cobertas, pega embaixo do seu travesseiro os fones de ouvido e se tranca mais uma vez no seu devaneio. Ela acredita que Joana Francesa foi feita pra ela e isso a excita profundamente, mesmo exausta Joana sempre se masturba antes de dormir, afinal ela é cheia de regras.


Suas mãos primeiro tocam os seus seios, aperta de leve os bicos os sente intumescidos, a outra mão rapidamente encontra o seu sexo, já conhece o caminho.
Logo ela encontra o ritmo exato e o faz sem pressa, a palma da mão sobre o seu monte de Venus fazendo pressão enquanto os seus dedos ágeis vão se alternando.


Joana suspira fundo, seus olhos levemente vão se fechando, o corpo se alongando, seus pés fazem pressão sobre o colchão, fazendo com que assim seu quadril fique ainda mais arqueado so assim ela pode sentir os seus dedos entrando ainda mais fundo. Ela se consome e se basta. Antes mesmo de ouvir o ultimo refrão: 


Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda o gozo é inevitável. Essa é a regra.

sábado, agosto 20, 2011

Traição se paga com Tango


Ester nunca mais voltará a ouvir tango, tinha medo do ele causava nela, cansada da clausura e da falta de amor foi até o armário separou seu melhor vestido cantarolou no caminho do banho, se despiu entrou no box e sentiu a água quente escorrer pelo seu corpo.

Demorou um pouco mais que o usual, saiu do banheiro rodopiou pelo quarto abraçada ao cabide sentido a maciez do vestido na sua pele, se fitou no espelho em seguida se vestido e saiu.
Rodou por toda a cidade na expectativa de encontrá-lo mas, sua busca foi em vão,  no carro a música estava alta,seu corpo mais uma vez fora consumido pelo desejo,o tango novamente se apoderava dela,como tantas outras vezes já o tinha feito.

Voltou pra casa aflita,levou um susto quando o viu na porta,ele trazia consigo uma garrafa de vinho e a convidou a segui-lo,ela sem nada temer o acompanhou.
Não sabia sequer para onde estava sendo levada,mas como no tango se deixou ser conduzida e ele de fato tinha mãos fortes,mãos que sabiam arrancar dela todo o furor e desespero desses longos anos sem música,sentiu então seu corpo ganhando vida.

Chegaram então ao seu destino,o dia já estava quase amanhecendo e ele era de um vermelho vivo,tal qual o lençol que ele estendera sob uma árvore,sobre uma grama verde,rodopiou debaixo da árvore por sobre o lençol,pés descalços,sentiu as mãos dele nos seus joelhos a puxando para baixo,logo se viu livre do vestido,estava deitada sobre o lençol,sua pele branca contrastava com tudo e a visão que ela teve foi dele entre as suas pernas,olhos azuis famintos,um sorriso de soslaio, tudo era felicidade.

Sentia sua língua quente no seu sexo,tudo nela era uma explosão de sensações e sentimentos,nada nela lembrava a mulher de antes,ela estava refeita,tomada pela dança,a dança e a língua tomaram um só ritmo,achou que fosse enlouquecer.
Fechou os olhos por apenas um segundo,queria permanecer assim pela eternidade, mais a sua ânsia era tamanha que ela não queria perder nenhum detalhe daquela cena, segurou firme os seus cabelos e o trouxe de encontro aos seus lábios,a boca dele tinha o gosto e o cheiro dela,o beijou com desespero,o desespero que só se vê no ultimo beijo.

Ele desceu beijando o seu pescoço,tão próximo e tão rente a sua pele que ele pode ouvir todo o compasso da sua respiração,até que lentamente depositou a boca em seus seios,primeiro um,depois o outro,agora eles eram tudo o que existiam pra ele, lentamente desceu uma das mãos até o seu quadril,arqueado,tal qual o peito arfante,no ritmo da dança,sentiu seus dedos entrarem no seu sexo lentamente, primeiro um,depois outro,sentiu que poderia recebe-lo inteiro dentro dela se fosse possível,tamanho era o seu desejo,desejo que por tanto tempo fora reprimido.

Viu brilhar nos seus olhos toda a devassidão que outrora ela negara,por medo,medo da sua natureza feroz e tão fugaz,ela manteve a musica longe,mas agora pra ela já não existia salvação,estava fadada a luxuria.

Sua carne tremia,as convulsões de gozo vieram em seguida,eles adormecerem um sobre o outro,sentindo o gozo escorrendo por entre as pernas,os seus cheiros misturados no lençol vermelho,mas o tango! Ah o Tango esse não cessou nela nunca mais.

sexta-feira, julho 22, 2011

O afetivo de Ipanema

Roberto fora criado seguindo todos os preceitos religiosos, foi batizado, fez primeira comunhão, de uma família classe média e totalmente temente a Deus. Fez tudo direitinho, estudou, se formou e logo conseguiu um bom emprego, filho único era o orgulho da família.

A mãe tinha uma saúde fraca e Roberto como bom filho sempre fez o melhor para que a vida dela fosse mais confortável. Trabalhava muito, nunca tinha tempo pra si ou para conhecer novas pessoas, sua vida pessoal era uma verdadeira catástrofe, mas no trabalho ele sempre conseguia tempo, se envolvia em projetos sociais e seu envolvimento com as comunidades carentes era notado e noticiado nos meios televisivos. Era em suma o genro que toda mãe desejou para a filha.
Maria Lúcia era o oposto dele, morava no subúrbio e desde muito cedo teve que trabalhar para ajudar a criar quatro irmãos, era uma mulher bonita, mas a falta de tempo para ser mulher fez com que ela se sentisse o patinho feio entre as outras duas irmãs, no bairro os olhos nunca eram voltados para ela sempre para a irmã do meio. Clarisse, sim, ela sim era a mais desejada ou pelo menos era assim que pensava Maria Lúcia.

Virgem aos vinte e cinco anos de idade, quando ela pensava em sua vida pessoal ela era sempre resumida a uma palavra. Caos! Conheceu alguns rapazes, mas nenhum acendeu nela a chama que ela sempre acreditou que deveria existir para que o sexo acontecesse, não era púdica, longe disso, quando saia com as amigas ficava sempre quieta ouvindo os comentários e as confissões maliciosas de umas e outras, foi então que ela se habituou a mentir sobre sua vida sexual, afinal para as amigas era um verdadeiro absurdo uma mulher de vinte e cinco anos ainda ser virgem.
Criara para si a fantasia que ela era uma mulher ativa e que tivera vários parceiros e que conseguia deles sempre o que queria, as amigas acreditavam, ou fingiam acreditar, cordialidade ou veneno de mulheres isso nunca saberemos, afinal Maria Lúcia era tão sensual quanto uma porta.

Depois de ter passado anos vivendo amores platónicos resolveu usar a Internet a seu favor, no começo entrava em salas de bate-papo usando o seu nome verdadeiro, ninguém lhe dirigia a palavra, ela passava horas sentada na frente do monitor na expectativa que alguém lhe convidasse para uma conversa particular, mas a espera era sempre em vão.

Roberto também por essa epóca resolveu usar a Internet como recurso, mas com ele era diferente, entrava nas salas usando o codinome O afetivo de Ipanema e logo todas as janelas piscavam, ele nunca tinha tempo para conhecer pessoas na vida real, não tinha ou não queria, pois sua vidinha era organizada demais, sua casa era seu altar e só de imaginar qualquer mulher por mais bonita ou melhor que fosse circulando por lá, mexendo nas suas coisas lhe subia um frio pela espinha.

Maria Lúcia já cansada não tinha investidas na vida real e agora nem na virtual, resolveu se rebelar e percebeu que o que estava errado era o nome que ela usava, respirou fundo e foi tomar um banho, tomou seu banho calmamente e tal qual um personagem pintou as unhas de vermelho, colocou sua melhor roupa e se sentou na frente do monitor, só que dessa vez decidida.

A fogosa do Flamengo acabou de entrar: 

Não deu outra, todas as janelas piscaram ao mesmo tempo, vários convites para conversas particulares, eram tantas as opções que foi difícil escolher apenas um, optou pelo codinome "O afetivo de Ipamena".

Antes de escrever a primeira mensagem pensou bem no que iria escrever, pois de fogosa ela não tinha nada, pensou tanto que acabou caindo no trivial.

  Olá, tudo bem?

Ele de pronto respondeu:

  Tudo e você?

Ouve então um silêncio que pareceu durar horas, ela de um lado sem saber o que dizer, ele esperando que o codinome fizesse jus a pessoa.
Ela só conseguia se perguntar: Será que eu escolhi a pessoa certa?

A mensagem a seguir a deixou apavorada.

  Como você está vestida? Qual a cor da sua calcinha?

Ela um pouco atordoada, mas se sentindo segura pelo anonimato respondeu no susto:

  Eu estou nua e você?

  Usando pijama.

A resposta dele não foi das melhores, mas ela ficou mais a vontade, a conversa então rendeu mais alguns minutos e veio a pergunta:

Você tem web cam?

Maria Lúcia mesmo querendo dar uma resposta negativa disse que sim, mas antes fez uma exigência, queria vê-lo e não mostraria o rosto.

A tela então se abriu e o que ela viu foi um homem de mais ou menos trinta e dois anos, cabelos castanhos, vestia uma camiseta branca, belos olhos, uma boca bonita, gostou do que viu, ele estava no que parecia ser um escritório, ela prestou atenção em cada detalhe do comôdo, haviam muitos livros e CDs em uma estante logo atrás dele.
Ele em compensação se deparou com uma mulher não nua, mas com um decote provocante.

  Ué, mas você disse que estava nua.

  Eu  estava, mas coloquei uma blusinha que é pra não perder o encanto.

Ele ao contrário dela, só conseguiu ver dela o decote, uma parte do pescoço e uma cama de solteiro. Conversaram quase até o amanhecer, como ele não perguntou o seu nome real, ela achou melhor também não perguntar o dele.

No dia seguinte ambos se atrasaram para o trabalho, mas ela estava feliz e ansiosa para que a noite chegasse logo para mais uma vez falar com O afetivo de Ipanema. Ele por sua vez também estava feliz, coisa rara na vida de Roberto.
O dia custou a passar e quando a noite veio, ela logo se trocou e dessa vez usou uma camisola sexy que comprara no caminho pra casa, passou um batom vermelho, mas ele não apareceu, frustrada depois da longa espera foi para a cama e pela primeira vez tudo nela latejava, pensou em como seria beijar aqueles lábios, lábios de um desconhecido, ficou rolando na cama inquieta até adormecer.

No dia seguinte a rotina foi a mesma, acordou, escovou os dentes, penteou os cabelos e foi para o trabalho, a lembrança dele surgia na sua cabeça e seu corpo entrava quase em transe, um frenesi que ela jamais sentira e que não sabia explicar. O que Maria Lúcia não sabia era que estava sendo consumida pelo desejo.

Semanas se passaram e a transformação dela era visível, mudou o corte de cabelo, usava maquilagem, começou a usar roupas que valorizavam seu corpo, a mudança logo foi notada principalmente quando ela andava na rua. Os homens e mulheres viravam o pescoço para vê-la passar.
Foi então que em uma noite ela conectada a uma sala de bate- papo ele apareceu.
Ela ficou gelada, trémula, mas não o chamou, esperou alguns minutos e então ele o fez.
Ligaram a web cam, ela estava mais confiante e resolveu mostrar o rosto, dessa vez o que ele viu foi uma bela mulher com cabelos longos, lábios volumosos e belos olhos castanhos, ele só sabia elogia-la. Falava da sua boca e em como era excitante vê-a sorrindo.
Se desculpou pela ausência, explicando que teve que fazer uma viagem a trabalho e mais uma vez ficaram até de madrugada conversando.

Ela falou da sua vida, inventou estórias, contou verdades misturadas com algumas mentiras e revelou seu verdadeiro nome, ele assim também o fez. O dia estava quase amanhecendo e foi só então que se despediram.

Os meses a seguir foram de total delírio pra ela, trocaram e-mails quentes e decidiram que era hora de se encontrarem pessoalmente.
Maria Lúcia pesquisou tudo o que ela poderia sobre sexo, teoricamente aprendeu muita coisa, mas na prática só o que sabia era que era capaz de chupar uma banana sem sequer deixar um risquinho, virá isso num filme e resolveu treinar.

Marcaram um encontro em um bar em Ipanema, usou um vestido preto decotado, salto alto emprestado de uma amiga e que deixava suas pernas bem torneadas, quando chegou ele já estava esperando. Se cumprimentaram, ela então se sentou, suas mãos estavam frias, afinal ela nunca se imaginara naquela situação, ele de contrapartida estava bem tranquilo.

  Chegou faz tempo?
  
  Não, cheguei a apenas alguns minutos atrás.

Ele elogiou seu cabelo e seu perfume, pediram um chopp e muitos outros depois fizeram com que Maria Lúcia se sentisse mais livre e mais a vontade. Confessou.

  Sabe que tenho pensado muito em você e em como ter te encontrado mexeu comigo.

Ele sorriu um sorriso safado e confirmou o que ela esperava ouvir.
  
  Eu também pensei muito em você.

Depois de algumas horas, algumas confissões e muito chopp ele então a convidou para ir até o seu apartamento, ela num misto de curiosidade e torpor por causa do chopp de pronto aceitou, no caminho o silêncio que se fez no carro foi assustador, o que fez com que ela colocasse seus pensamentos mais uma vez em ordem, se deu conta que entre eles existia uma química perfeita e uma tensão sexual muito forte, questionou se deveria contar para ele que era virgem e achou melhor não.

Pararam então de frente a um prédio em uma rua tranquila e arborizada, as orquídeas nos troncos das árvores chamou sua atenção.
Entraram na garagem, desceram do carro e foram em direção ao elevador, ela um pouco atrás se sentindo uma estranha. Entraram no elevador, ele apertou o número 4 e em seguida a encostou contra a parede fria e lhe beijou, só pararam quando a porta se abriu 142 esse era o número, ele abriu a porta, entraram, ela atenta a tudo, olhou os quadros, alguns na parede, outros no chão, achou o lugar aconchegante e de bom gosto, mas logo se via que uma mulher nunca havia passado por ali.

Ele a segurou por trás, levantou seus cabelos, beijou sua nuca, seu corpo inteiro se arrepiou, sua mão entrou por debaixo do seu vestido tocando assim o seu sexo por sobre a calcinha, ela não disse uma palavra, apenas permitiu, ele tirou seu vestido com uma certa brutalidade, ela afobada tirou a dele e quando chegaram no quarto já estavam nus.
Se jogaram na cama, ele parecia outra pessoa, um pouco mais bruto, mas ela gostou. Virou-a de costas , o desejo era tanto que ela só queria que aquilo continuasse , sentiu seu membro rijo e seu corpo forte indo de encontro ao dela, sentiu também um pouco de dor, mas gemeu mais e mais alto, nesse momento teve a impressão que acordaria a vizinhança inteira.

Maria Lúcia então se virou e o empurrou se colocando de joelhos, ele segurando seus cabelos com força dando ainda mais movimento, ela o olhou nos olhos o tempo inteiro como se já tivesse feito isso com muitos homens, seus olhos tinham um brilho diferente e ela se sentiu poderosa e no comando pela primeira vez na vida.
O sexo durou longas horas e logo o desconforto deu lugar a um prazer absoluto, ela estava insaciável, queria mais e mais, transaram encostados na janela, na cama, no chuveiro e na mesa do escritório a pedido dela.

Exaustos adormeceram, ela na verdade não conseguira dormir e com os primeiros raios da manhã entrando pela fresta da janela lentamente retirou os braços de Roberto que a envolviam e saiu da cama pé ante pé para que ele não acordasse.
Recolheu as peças de roupa espalhadas pelo apartamento, teve um pouco de dificuldade em encontrar a calcinha, se vestiu e saiu deixando atrás dela a porta, o cheiro de sexo impregnado pela casa e uma mancha de sangue no lençol.
Entrou no elevador apertou o T e logo que se viu na rua seu semblante era outro, sua pele ganhou novas cores, seus seios pareciam ainda mais volumosos, assim como os seus lábios, caminhava mais segura.

Ele de afetivo não tinha muito. Mas ela agora com certeza era A fogosa do Flamengo.